PLANO DE AULA
Como organizar as atividades das aulas de música
Por Leila Sugahara
Organizar as atividades das aulas de música nem sempre é tarefa fácil, dada a diversidade de métodos, estratégias de ensino e abordagens de conteúdos existentes atualmente. Então, por onde começar?
Se por um lado, dar uma aula sem nenhum planejamento é missão quase impossível, um bom planejamento pode oferecer ao professor a segurança necessária para que sua atuação seja eficiente, justamente por delimitar o que será desenvolvido em sala de aula. É aí que entra em ação, o plano de aula.
O plano de aula é a previsão dos conteúdos e atividades de uma aula. Um bom plano de aula abrange além da descrição das atividades e a relação dos materiais necessários para a sua realização, objetivos claros (o que se pretende com as atividades), orientações didáticas e as possíveis intervenções durante o decorrer da aula. Esse processo possibilita ao professor o acompanhamento e a avaliação da aprendizagem do aluno.
O plano de aula se articula com o planejamento, que é a definição do que será ensinado num determinado período, de que maneira ocorrerá e de como será a avaliação. O planejamento se baseia na proposta pedagógica de cada escola, que por sua vez, é determinado pela sua linha de atuação e pela realidade na qual está inserida, etc. (leia o artigo “O planejamento em educação musical” na edição 03). Portanto, é a partir do planejamento que o plano de aula se estrutura, dando coerência ao trabalho do professor, garantindo assim, uma prática bem fundamentada.
Como organizar um plano de aula
O plano de aula é composto por: tema, objetivos, conteúdo, materiais, procedimentos didáticos e possíveis intervenções e avaliação. Portanto, em um plano de aula:
· Tema: é o que será abordado na aula.
· Objetivos: são as atitudes a serem desenvolvidas pelos alunos, isto é, o que os alunos devem aprender com a aula. Os objetivos são descritos sempre no infinitivo, pois diz respeito às ações a serem realizadas pelo aluno.
· Conteúdo: é o que será ensinado.
· Materiais: são os recursos necessários para o desenvolvimento da aula. Dependem das estratégias que serão utilizadas para se atingirem os objetivos propostos.
· Procedimentos didáticos: são as atividades ou estratégias desenvolvidas de acordo com os objetivos propostos. Podem ser descritos numa seqüência didática, encadeando as atividades de acordo com os interesses e necessidades de cada faixa etária (é fundamental que se conheçam as necessidades dos alunos, em cada estágio de desenvolvimento, do bebê à idade adulta). As intervenções do professor no decorrer da aula também podem ser previstas no plano de aula.
· Avaliação: é o procedimento realizado para se averiguar se os objetivos propostos foram atingidos. Dessa maneira, o professor pode fazer, com mais segurança e eficácia, as modificações necessárias para as próximas aulas.
Um plano de aula não é um modelo a ser seguido rigorosamente. É a previsão do que será a aula, portanto, pode acorrer como o planejado
pode mudar no decorrer da aula, conforme as circunstâncias do momento, a disposição dos alunos, do professor, do interesse despertado pelas
atividades propostas, etc. Da mesma maneira que o planejamento, o plano de aula é dinâmico e deve ser adaptado conforme a aula transcorre,
procurando atender às necessidades do momento, fazendo intervenções junto aos alunos, a fim de garantir que os objetivos da aula sejam atingidos,
tornando-a agradável e produtiva. Uma aula é sempre um processo coletivo, pois não existe ensino sem aprendizagem, nem aprendizagem sem
ensino, assim como não existe processo ensino-aprendizagem sem uma boa relação professor-aluno.
Um plano de aula de musicalização infantil
· Faixa etária: a partir de 4 anos.
· Tema: As propriedades do som e as histórias infantis da cultura popular.
· Objetivos: Perceber e discriminar as alturas do som (grave, médio e agudo). Representar os sons corporalmente e graficamente. Criar novas possibilidades sonoras e organizar os sons a partir de histórias.
· Conteúdo: Propriedades do som – altura. Folclore brasileiro.
· Materiais: flauta de êmbolo, teclado ou piano, flauta doce, xilofones, folhas de papel (sulfite ou cartolina), canetas coloridas ou giz de cera.
· Seqüência didática e possíveis intervenções:
1) Canção de boas vindas - cantar o nome de cada aluno.
2) Parlenda: Hoje é domingo – andar marcando a pulsação e no final da parlenda, tocar sons do agudo ao grave e sentar no chão.
3) História sonorizada – contar sonorizando a história do urso:
Vamos passear?
Xiiii... tem uma árvore no meio do caminho.
Vamos subir? (tocar sons do grave para o agudo e sugerir aos alunos que
movimentem as mãos e os braços de baixo para cima, como se fossem
subir uma escada).
Vamos descer? (tocar sons do agudo para o grave e movimentar os braços
para baixo).
Vamos passear...
Tem um rio no meio do caminho. Vamos nadar? (sonorizar e pedir que as
crianças criem movimentos para os sons tocados).
Vamos passear...
Tem um matagal bem fechado. Vamos cortar?
Vamos passear...
Tem uma caverna bem escura. Vamos entrar?
Xiiii... É o urso! Vamos correr!
4) Jogo de percepção auditiva.
Perguntar o que aconteceu quando... (tocar o som para a criança identificar e relacionar o som com o momento da história em que o som foi apresentado).
5) Jogo de percepção da direção do som (do grave para o agudo ou do agudo para o grave) - morto e vivo com flauta de êmbolo.
6) Percepção do som com o corpo - desenhar o caminho do som com movimentos corporais aprendidos na história do urso.
7) Jogo de criação - improviso de movimentos a partir de estímulos sonoros (variar quanto à altura).
8) Ditado melódico - desenhar o caminho do som no papel de acordo com a altura emitida por várias fontes melódicas (flauta, piano, xilofones).
9) Leitura melódica - leitura do ditado anterior.
10) Composição: desenhar, sonorizar e representar sua própria história.
11) Encerramento: canção de despedida ou apresentação das histórias criadas pelos alunos.
· Avaliação: Observar se a criança é capaz de perceber e discriminar os sons emitidos e ainda como os relaciona com os movimentos. A percepção das alturas sonoras, por ser relativa, varia de pessoa para pessoa, fazendo com que, para algumas pessoas, o grave pareça mais agudo ou vice-versa. Portanto, observar a partir de que referencial a criança percebe a variação de altura dos sons. Partindo de uma dada altura, observar se a criança consegue perceber e discriminar a altura e a direção sonora. Se mais grave ou mais aguda em relação ao referencial dado. Analisar o registro gráfico da criança a partir dos sons propostos, tendo em vista a percepção e discriminação das alturas sonoras, procurando observar o quanto cada criança conseguiu fazer a relação entre os movimentos (para cima e para baixo) com a escrita proposta pelas atividades. Observar a fluência na leitura dos registros gráficos. Registrar o processo de criação de cada aluno (como cada aluno percebe e organiza os sons), isto é, como exercita a composição.
Terminada a aula, é importante que o professor faça o registro de tudo o que aconteceu na aula, para que possa comparar com o plano de aula, e fazer os ajustes necessários nos planos de aulas seguintes.
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