Daniel Wolff
O vibrato é uma importante ferramenta na interpretação de uma obra. Tanto na música erudita como na popular, o vibrato pode ser usado para destacar ou alterar a sonoridade de uma nota, dando maior interesse à interpretação. Basta observar com atenção os instrumentistas de arco (violinistas, violoncelistas) para perceber o proveito que estes músicos obtêm do vibrato. Curiosamente, apesar do vibrato ser facilmente realizado no violão, poucos violonistas dão a ele a atenção merecida durante o estudo do instrumento. Este artigo visa fornecer algumas informações sobre o vibrato no violão, bem como sugerir possíveis exercícios para dominar a sua mecânica.
Existem dois tipos de vibrato no violão, ambos realizados pela mão esquerda:
1. Vibrato longitudinal: A mão alterna movimentos para a direita e a esquerda no sentido longitudinal da corda, alterando o som para o grave e o agudo respectivamente.
2. Vibrato transversal: O dedo alterna movimentos para cima e para baixo, num ângulo de noventa graus em relação `a corda, alterando o som para o agudo em ambas direções do movimento. Geralmente é reservado para as primeiras casas do braço do violão, nas quais o vibrato longitudinal dá poucos resultados.
A velocidade do vibrato é variável de acordo com a velocidade e o caráter do trecho musical em questão. Passagens rápidas e enérgicas requerem um vibrato rápido, enquanto passagens lentas e melancólicas prestam-se mais ao vibrato lento. Portanto, é de fundamental importância para o violonista poder controlar a velocidade do vibrato.
Este controle pode ser facilmente adquirido e desenvolvido através de exercícios técnicos. À guisa de exemplo, o leitor encontrará abaixo duas sugestões de exercícios. O primeiro exercício, que deve ser praticado com todos os dedos da mão esquerda, apresenta o vibrato com ritmos progressivamente mais rápidos, de forma a permitir o domínio de diversas células rítmicas na execução. O mesmo exercício pode ser aplicado a acordes de duas a quatro notas, em diversas posições no braço do violão. Para uma maior precisão rítmica, é recomendável praticar com metrônomo.
Um freqüente problema para os estudantes de violão é aplicar o vibrato a várias notas sucessivas de uma melodia. Geralmente, há uma tendência a interromper o vibrato momentos antes da mudança de nota. O segundo exercício visa assegurar um vibrato contínuo em dois ritmos diferentes, quiálteras e semicolcheias. Ao prática-lo, deve-se concentrar em evitar interrupções no vibrato durante as mudanças de notas. É aconselhável que o leitor crie também suas próprias variantes deste exercício, alternando dedos e cordas não adjacentes, incluindo saltos para outras posições, etcetera. Para obter sugestões de outros exercícios, sugiro consultar professores e métodos de instrumentos de arco, nos quais exercícios para o domínio do vibrato são freqüentes.
Uma vez dominada a mecânica do vibrato, o violonista terá à sua disposição uma importante ferramenta para dar maior requinte à interpretação. O vibrato não apenas serve para ressaltar o caráter de uma passagem, como também auxilia na obtenção de interessantes efeitos. Por exemplo, em uma nota ou acorde de longa duração, um vibrato progressivamente mais rápido cria a ilusão de um crescendo, efeito impossível de obter em instrumentos de corda pulsada como o violão. Da mesma forma, no acorde final de uma frase, pode-se usar um vibrato progressivamente mais lento, contribuindo para destacar sua função conclusiva. As possibilidades, enfim, são infinitas. Cabe ao leitor fazer bom uso de sua criatividade para obter o melhor proveito do vibrato, elevando o nível de sua execução.
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